quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Londres a pé.

Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto...
Estarei voltando.
Dentro de um dia estarei na sala de embarque.
Além de arrumar as malas, tenho que aproveitar ainda mais essa cidade.
Hoje sai cedinho, caminhei, caminhei...atravessei a cidade e voltei.
Foram 11 horas de caminhada. Me sinto em casa.
Atravessei parques, vi monumentos, fui até na Harolds (mais sai rapidinho).
Fui ao Palácio de Buckingham. Betinha não apareceu. mas o que tinha de brasileiro e chinês apinhado na grade palácio era um exagero. Faltava uma hora para a troca de guarda e o povo não arredava o pé.
Eu é que não fiquei. sai caminhando e quando passei pelo museu da guarda, estava tendo troca de guarda, ensaio de fanfarra e ninguém para atrapalhar.
Cheguei à Catedral de St Paul's. Como sempre o passeio é muito bem organizado. A gente paga o ingresso, recebe um radinho para ouvir tudo em português. É um outro espetáculo. é muito interessante a construção e os mosaicos, mas ainda falam muito da Diana.
Depois disso, bebi um vinho, e caminhei mais, até chegar nas torres de Londres. É um castelo mesmo, bem medieval, com muralhas, saídas secretas, torres de tortura e por ai vai.

Tem uma mostra das coroas (nunca vi tanto brilhante junto) Na torre principal, tem as armaduras e as armas dos Reis. Uma viagem no tempo.
Na saída pego o por do sol na Tower Bridge.
É pouco ou quer mais?
Fiquei tão encantado que passou o horário do onibus. Toca eu a fazer a caminhada de volta.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Preciso de mais tempo.

Justo quando achei que estava desligando os motores, diminuindo a velocidade, me aparece Londres. A cidade vai conquistanto, seduzindo, encantando e quando a gente menos percebe está embevecido.
Os parques, a história e a modernidade são integrados. Parece que Rainha Isabel está bebendo chopp com John Lenon alí na esquina.
Londres amanheceu sem fog, com céu quase azul. Os jardins estão verdes e eu subestimei o frio. Sai com roupa mais leve, sem luvas cachecol e essas coisas, mas valeu a pena.
Comecei cedo e só voltei depois que estava escuro. Se existe essa tal de reencarnação e se eu já pertenci a alguma nobreza, provavelmente tenho um pé na Inglaterra. Tudo isso não é novidade, tenho outros pés em tantos outros lugares que só dá vontade de conhecer mais.
O Big Ben é muito mais bonito do que eu imaginava e que as fotografias mostram.
A Catedral de Westminster é um negócio de entontecer. Fiquei mais de três horas lá dentro.
Acho que preciso de mais uns 20 dias por aqui. Depois eu decido se vou embora. Só pelo roteiro do onibus turistico eu preciso descer em pelo menos mais 20 das 43 paradas. Preciso entrar nas igrejas, parques, lojas, museus e beber cerveja.
Pena que já marquei quatro reuniões para a semana que vem.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Londres

Cheguei. Cansado o suficiente para conseguir contar de um dia que foi só aeroporto, espera, trânsito.
Está tudo bem. Amanhã eu vou conhecer a cidade e dou notícias.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Berlim - Kollwitz

Berlim é uma cidadezona, tudo bonito, tudo funciona e esbanja design e arquitetura. Reconstruida no pós guerra, fez questão de não deixar marcas.

Descemos em uma estação monumental, vários andares, vários trens, saem por túneis ara o ar, para o rio, para embaixo do rio. O hotel moderno e eletrônico, com exageros de informações.

Pegamos o ônibus de turismo, o famoso ônibus sobe e desce. Depois de três horas rodando pela cidade, vendo marcas do que não existe mais. O muro virou história, é todo pichado e tem até uma escultura do Romero Brito olhando para o muro.

O tempo não se decide entre neve e chuva, mas gostoso de caminhar.

Depois do almoço com muito chucrute, fomos procurar uma exposição de Käthe Kollwitz (1867-1945). Eu não conhecia a famosa desenhista, pintora, gravurista e escultora alemã, mas acreditei no meu companheiro e crítico de arte.

Uma casa de três andares, resolvemos começar pelo terceiro. Na primeira sala eu já sento e fico espantado. São expressões de sofrimento, mãos que tentam tampar a visão ou calar a boca. Mães com filhos arrancados... sei lá. Sentei e perguntei “- Essa mulher perdeu um filho” nessa veio a explicação. Sim ela perdeu um filho na guerra, viveu as duas guerras e se tornou o símbolo do sofrimento das mulheres diante da guerra. A obra reflete uma eloqüente visão das condições humanas na primeira metade do século XX. Com traços de Naturalismo e Expressionismo, Kollwitz traz a classe operária, fome, guerra e pobreza como temas recorrentes em seu trabalho.

Hoje as imagens são por conta dela: http://www.a-r-t.com/kollwitz/images/

Casou-se com o médico Karl Kollwitz, com quem teve dois filhos, e foi morar na periferia de Berlim. Kollwitz era uma mulher com fortes convicções sociais e seus trabalhos tinham uma grande simpatia pelos pobres e oprimidos.

Em 1904, realizou estudos de escultura na Academia Julian, em Paris. Em 1929, ela foi a primeira mulher a se tornar membro da Academia de Belas Artes da Prússia, quando foi convidada a fazer o memorial de guerra em Dixmuiden, Flandres, acabado em 1932.

Perseguida pelos nazistas, em 1933 devido a seu interesse pelo socialismo, foi expulsa e seu trabalho tornou-se mal visto, sendo proibida de expor.

Passou então a enfrentar dificuldades e a pertencer aos grupos marginais, que tão bem representou em suas obras. Käthe Kollwitz morreu pouco antes da capitulação alemã em 1945.

Ela se concentrava nos temas trágicos da vida. Muitas de suas obras demonstravam um protesto com relação às condições de trabalho. Vários de seus melhores trabalhos tinham como tema as mães que protegem os filhos, inspirados na perda de seu segundo filho, durante a I Guerra Mundial, e alguns tinham intenções pacíficas.

Claro que nos encanamos com sua capacidade. Em uma sala só tem seus auto retratos, vão demostrando o envelhecimento, o endurecimento e o sofrimento desesperado em um rosto.

Depois disso só muita cerveja,

O idiota aqui topou atravessar a cidade, nesse metro enorme mas sem nenhuma funcionalidade para quem visita a cidade. Fomos até uma loja de ferramentas.

Imaginem, na terra das ferramentas ir a uma ulta-mega-power-poderosa-monstruosa loja de ferramentas. Não é como aquelas lojinhas de material de construção que vemos na marginal. É um mundo. Largar lá dentro um louco por ferramentas é um exercício de amor e paciencia.

Enquanto isso, a chuva que estava forte resolveu se transformar em neve. Meu Deus, cada floco parecia um coco de passarinho. Não dava para caminhar, pois estávamos longe do Metrô. O negócio foi alugar um taxi (perua de mudança) conseguir se comunicar com o motorista (imigrante que não entendia bem o Alemão, o Inglês ou qualquer tentativa). Chegamos. Bebemos e Dormimos.

Agora é arrumar as malas e pensar em ir para Londres. Destino final da travessia.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Gutten Tag

Segunda feira. Última semana de férias.
Como vou viver sem sopas, cocumelos, paletós, escadarias, museus????
Mas em compensação, sábado eu vou comer feijão (feijoada) farinha de mandioca e arroz soltinho.
Vou experimentar cerveja gelada, bermuda e conversa com amigos.
Pois é, o que parecia tão distante não foi o bastante. Atravessar toda a Asia e Europa. Sair do Pacífico e chegar ao Atlântico durou só um instantezinho enorme.
mas calma. hoje ainda tem passeio.
Amanhã eu chego no atlântico. claro que vou curtir um pouquinho.

Museu do levante


Agora, sentado no trem em direção a Berlin, tenho um pouco de tempo para descrever o que foi o dia, ou melhor a manhã de hoje. Levantamos como quem não tem nada para fazer, resolvemos ler o folheto do mapa da cidade e descobrimos que podíamos ir a um museu, perto do hotel, antes de seguir viagem.

Uma das sensações mais estranhas que se pode ter. Pegar um bonde em direção a um museu que se viu num catálogo e nenhum guia de turismo falou sobre ele. A sensação é que iríamos a um lugar mal cuidado e esquecido.

Chegamos cedo, ficamos dando voltas em um quarteirão cheio de poças, lama e muita neve que caiu durante a noite. Entrar em um museu em um bairro mal encarado, cheio de obras e pior, junto com um monte de soldados, todos jovens e fardados. Lembramos que a Polônia tem enviado soldados para a Iraque e esses jovens bem poderiam estar amanhã ou depois, metidos em situações como as que o museu se propõe.

Entrada gratuita. Passa-se por portões para deixar o casaco e depois de uma porta enorme você se encontra pisando um chão com paralelepípedos quadrados, iguais aos do centro da cidade. Vê-se diante de uma grande parede cheia de cartazes mal colados, pedaços e ruinas e um clima misterioso, aterrorizante e aconchegante, como se estivesse andando pelas ruas de Varsóvia destruída.

O Levante de Varsóvia, que durou 63 dias e levou à destruição da cidade. É uma exposição interativa que cria um clima, como se a qualquer momento, um bombardeio fosse devastar tudo à sua volta. Observa-se apenas os escombros de uma cidade arrasada enquanto ao fundo existem murais da cidade inteira, parece que procuramos um lugar para se esconder.

Assim é o Museu do Levante, você olha por buraquinhos na parede, onde passam filmes de horror, reais da época. Existem totens, como se fossem latas de lixo, que você olha dentro e estão passando imagens da época. Existem muitas gavetas que você abre e lá dentro estão as biografias das pessoas que morreram. Pela parede existem calendários, que você pode extrair folhinhas com as notícias de cada dia.

Viver e lutar, na Varsóvia de 44, com guetos cercados, trens saindo para a ilusão de uma fuga, mas sendo mandados para os campos de trabalho forçado ou extermínio em massa.

No hall central do museu, um avião nazista original sobrevoa uma Varsóvia fictícia em ruínas. Os sons dos bombardeios atrapalham o silêncio a que todos se impõem. As paredes pintadas de um cinza escuro criam um ambiente sombrio, chega-se a um grande salão, onde depois de atravessar ruinas e muros encontra capsulas de sobrevivência que caíram do céu. Um avião está no ar, ao fundo uma cidade iluminada em vermelho, como se estivesse em chamas. Luzes de holofotes iluminam alguns rostos da época (em cartazes preto e branco) mas os spots de luz, parecem te procurar.

O som de um coração batendo, ou de um relógio que marca o tempo. Ao fundo, vê-se uma gráfica, com um tipografo imprimindo folhetos.

Ainda ontem ouvimos que dos poucos que sobreviviam aos maus-tratos resolveram morrer com honra em vez de serem simplesmente esmagados pelos nazistas em Treblinka.

A população judaica de Varsóvia já havia sido dizimada. A destruição, com a tomada dos bairros judeus e a criação do gueto, atingia a fase final.

A Polônia perdeu 18 mil soldados - outros 25 mil ficaram feridos - e mais de 250 mil civis, a maioria morta em execuções em massa. Do lado alemão, 17 mil soldados morreram e 9 mil ficaram feridos.

Existem túneis escuros, por onde se caminha como os poloneses que comandaram o Levante de Varsóvia ainda viram um fio de esperança no fim dos túneis e esgotos que percorriam os subsolos da capital. Esses túneis receberam grande quantidade de gasolina e fogo.

Quando tudo terminou, cerca de 85% de Varsóvia havia sido destruída - mesmo depois de vencer a batalha, as tropas alemãs incendiaram cada bairro da cidade.

Essa é a história que o Museu do Levante conta de forma inovadora. Em cada parede, com vídeos, fotos do conflito e testemunhos dos sobreviventes, há um calendário com o dia em que os fatos ocorreram.

A gente sai mudo. Uma sobrancelha encosta na outra para que a testa segure os olhos úmidos. Como é difícil ver algo que nossos pais viveram, nossa geração pensa que está distante. Mas um museu como esse fisga na emoção mais pulsante e mostra as lições que se tenta não ver.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Varsóvia

Agora eu preciso assistir "O Pianista" outra vez. Varsóvia é um exemplo de reconstrução. Em pensar que a guerra acabou com essa cidade completamente destruida e conseguiram reconstruir com uma perfeição e estética invejável.
O pior de tudo é a ignorância que sinto. Nem sequer pensei que estava perto dos campos de extermínio, com isso nem planejei em visitar algum. Vim pensando nos guetos, mas não lembrei que era daqui que partiam os trens com os judeus, para sua jornada implacável.
Andamos pela cidade, vimos as marcas dos nobres, as marcas dos soviéticos, as histórias e lembranças do "Solidariedade", a adoração pelo João Paulo II.
Chegamos à região onde eram os guetos. A história não precisa ser recontada, a não ser que a região foi táo demolida que não tinha o que fazer, aterraram e construiram outro bairro em cima. Fizeram alguns monumentos... é de arrepiar. Um pouco à frente se vê outro monumento, em formato de um vagão, cheio de cruzes... dá um nó na garganta.

Imaginar que essa cidade estava dividida entre Stalin e Hitler. Um de cada lado do rio. Uma parte da população morria por ser Judeu, outra parte por ser Polonês e terem apoiado Napoleão.
Por outro lado, é a terra de Copernico, Chopin, Marie Curie e muitos outros. É uma terra de reconstrução. Conseguiu ter o tratado de Varsóvia, em vez de fazer parte da União soviética (não sei qual a diferença). Fica no centro da Europa, portanto sempre no centro de conflitos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Polonia

Incrível...Fantástico...Inacreditável...

Coisas jamais vistas esse ano estão acontecendo simultaneamente.

1 – Os rios dessa cidade não estão congelados. Há um pouco de neve, mas parece que colocaram para enfeite de natal. As já está sumindo.

2 – A temperatura está acima de zero. Pouquinhos graus, mas já dá vontade de passear de bermuda.

3 – As letras que usam para escrever já são conhecidas, a gente até pensa que pode imaginar como se fala, ou seja, estou ficando desanalfabetizado. Desde o ano passado que não consigo entender nada.

4 – O que cai do céu são algumas gotinhas de água, isso mesmo, em estado líquido.

5 – O Avião que fez o voo entre São Petersburg e Varsóvia, é muito confortável. O fabricante é uma tal de Embraer. Acho que podiam começar a usar essas aeronaves no Brasil.

Vejam só, além de tudo ganhamos um dia de 27 horas. Isso mesmo agora estamos apenas 3 horas à frente do Brasil.

Ainda não pudemos fazer nada, mas já chegamos e estamos bem.

Nosso novo endereço é Varsóvia. Amanhã a gente conta das comidas e passeios Poloneses.

Adeus Lenin

Estamos na sala de embarque. Uma sensação estranha, o que parecia impossível começa a virar passado.
Foram dias atravessando esse País, vendo, revendo, descobrindo histórias e povos. Dos campesinos aos Czares, são muitas pontas que compõem essa teia. É uma vitória, ter enfrentado toda a ansiedade e temores, mas tudo pareceu intenso e suave.
Em algum tempo, estarei outra vez no mundo euro.

O frio de São Petersburgo ficou entre -5 e -8, a neve mais fininha e o vento mais grossinho. Hoje foi um dia legal, claro que com menos roupa (vamos enfrentar aeroportos e aviões) mas fomos fazer um city tour, fomos à fortaleza, ou melhor, a cidadela onde a cidade foi fundada. Vimos uma pequena apresentação de um pequeno coral ortodoxo. Muito lindo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

São Petersburg

Meu Deus!!!...........

Como pode uma cidade ser o que é São Petesburgo...

Uma história que não tem tempo, uma modernidade que que tem história.

Sei lá...

Hoje fomos conhecer mais dois Palácios, fora da cidade, o que permite passar pela periferia e ver um pouco mais... Que besteira, não tem periferia... ou melhor nada feria a visão. Prédios lindos, avenidas e monumentos por toda parte. A neve não vira lama, o frio só perturba, só quando o vento sopra...

Eu não sei me posicionar, se vale a pena restaurar os palácios ou se deveriam deixar alguns sinais do tempo. As restaurações criam toda uma atmosfera da nobreza que queria provar que podia mais que a Europa, ao mesmo tempo, apaga as marcas da guerras e do próprio abandono que o século passado teve com a própria história.

O mais impressionante é que conseguimos pegar os palácios bem vazios. Creio que isso me ajudou a gostar ainda mais de estar aqui. Tiveram salões que me pareciam muito íntimos, ao mesmo tempo que imensos, pareciam aconchegantes.

Mais do que ver os acervos, que podem não ser tão impressionantes, as construções são uma viagem à parte. Perceber o mundo da nobreza nos séculos XVIII e XIX, fica mais fácil aqui. A cidade foi construída e desenvolvida sem a pretensão de ser o que não era. Sempre foi uma cidade que tentou integrar os dois mundos. Os Czares já se casavam com princesas europeias e não se podia mais ignorar a tal da globalização.

Hoje experimentamos mais algumas comidas Russas, caminhamos pela cidade, que mesmo não tendo temperaturas tão baixas, percebemos mais o frio. O fato de estar ao lado do mar e com a umidade mais elevada e o vento fazem com que a sensação térmica seja cruel.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ermitage

Madrugadinha e já estávamos no aeroporto. Um sufoco esse negócio de tirar quase toda roupara para passar no Raio X. Pior ainda ficar esperando voo, com tantos voos atrasados, pista cheia de neve... tudo podia acontecer, mas nada aconteceu.

Chegamos a São Petersburgo, antiga Leningrado. Eu tinha

expectativas e cuidados com essa cidade. O fato de ter sido planejada por italianos, criada por Pedro I (que não gostava de Moscou), nos anos de mil setecentos e pouco, fazia esperar uma cópia europeia.

Tolinho!!!....que cidade encantadora e com personalidade.

A região foi conquistada para garantir o acesso da Rússia ao mar – é um porto no mar Báltico.

Outra surpresa, vim assistindo a Arca Russa (aquele filme premiado em Cannes, filmado em um único plano sequencia). Achei que o Ermitage fosse ser uma mistura de Versalhes e Louvre... outra vez – “Tolinho” os palácios são lindos, a decoração muito impactante e o acervo, além de especial, está muito bem organizado. Gostoso mesmo passar a tarde no Ermitage.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Moscou


Como diriam os mineiros: “Nó!!!”

Nossa Senhora como Moscou é impressionante.

Chegamos cedo, a neve caia solta e a cidade era uma lama só.

O carro pequeno, o vidro escuro e mala que não cabia dentro.

Descobrimos que a cidade tem quase mil anos, quatro aeroportos, nove estações de trem, 180 estações de metro e mesmo assim o trânsito é intenso.

Uma guia que falava português, mas que foi criada no regime e entendia como tudo funcionava e funciona.

Depois de um café, passeamos pelas ruas e fomos até a Praça vermelha. A praça não se chama vermelha, nem pela cor dos prédios, nem pela bandeira comunista e muito menos pelo sangue derramado. É que na língua russa, antiga, vermelha era cor, mas “bonita” se falava do mesmo jeito. É muito bonito, mais do que isso, impressionante. Andamos o dia inteiro, num sobe e desse de carro, vimos um monastério maravilhoso, construções, pontes, colinas, etc.

Dados importantes, Napoleão chegou aqui, para proteger a população, a cidade foi evacuada e depois de tomada, foi incendiada para que não deixassem nada para os invasores. Quando Napoleão foi embora, reconstruíram a cidade em menos de dois anos.


Ao chegar no hotel, o que temia se concretizou. A mala que eu havia comprado na China, quebra e quase se desintegra. La vamos nós, caminhar como loucos, amassar muita lama, tomando muita neve na cara.

É muito divertido tentar se comunicar e não entender nada das respostas. O povo é muito solícito, tenta ajudar, mas chega a ser engraçado nossa incapacidade de entendimento.

Hoje fomos cedo ao Kremlin. Fomos de metrô, caminhamos um pouco e a neve caia solta, mais uma vez.

Existem vários Kremlins, pois significa Fortaleza. O de Moscou foi construído com ajuda de arquitetos italianos no Sec XVI, por Ivan, o temível. (fui seriamente corrigido, pois a tradução mais comum para o português é “Terrível” mas as pessoas tem adoração por ele e defendem que ele era “temível” e não terrível. Vale a informação de que, Czar só foi um nome cria pelo Ivan, para equiparar os Príncipes russos ao Imperadores da Europa, foi um nome inspirado para dizer que era equivalente a Cesar.

Os turistas podem andar por uma pequena parte da fortaleza. Na verdade fizemos um belo treinamento para interpretar e entender as igrejas ortodoxas.

O mais surpreendente foi fazer um passeio guiado pelas estações do metrô. Que me desculpem a expressão, mas “Puta que o pariu”, como são lindas. É um fenômeno de comunicação. Os governantes do regime soviético, disseram e criaram um substituto para as igrejas. Diziam que as estações tinham que ser os palácios do povo. São uma grande escola de estética, história e beleza. Só de pensar que o metrô aqui tem mais de 70 metros de profundidade e têm a função de servir como abrigo antibombas, todas construídas em mármore, com obras de arte e lustres de bronze e alabastro. São sempre três naves, duas laterais onde passam os trens e uma central onde se conta a história sempre linda e inspiradora de um povo. Só vendo as fotos.

Por fim fomos a um museu dos artistas do Sec. XX. Outro grande espanto. Ver a capacidade de criação e de submissão, tudo unido na ponta de um pincel.

Haja, emoção e ação em um único dia e lugar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rumo a Moscou

Amigos

Abaixo o texto que consegui organizar ontem no trem.

Agora já estou no trem rumo a Moscou. (Aqui se pronuncia Moshcuuu). Com essas quase trinta horas, estaremos completando nossa travessia. Somando tudo chegarão a 110 horas dentro de um vagão. Uma experiência ímpar, atravessar a transiberiana.

Yekaterinburg foi um grande presente. Uma cidade encantadora (1.500.000 habitantes). Tivemos uma guia que já morou em São Paulo, gosta muito do Brasil e gosta muito da sua cidade. Pudemos entender um pouco mais da história desse país, conhecer outras vertentes, além um jantar gostoso com seus alunos de português (estão estudando porque querem ir à copa no Brasil)

Nosso passeio começou indo até o marco de divisa dos dois continentes. Pois é, estive com um pé na Europa e o outro na Ásia. Foi como um prêmio pela travessia da Ásia. O Motorista nos deu um certificado, um chocolate e uma champanhe para comemorar o feito.

Andando pela cidade, tivemos o atrevimentode andar sobre as águas. Isso mesmo, hoje atravessei um continente, pus os pés em dois mundos, andei sobre as águas... Claro que a represa está congelada. Mas é uma sensação muito doida, acreditar que o gelo não vai romper sob tanto peso.

Nossas descobertas começaram na estrada. Durante a construção da estrada foram descobertas muitas ossadas humanas. Estima-se que Lenin matou na região mais de 5.000 pessoas.

Vale tentar estruturar um pouco da História. Claro que pesquisei um pouco ne Internet, para tentar organizar os dados mas existem amigos que são estudiosos da história e podem contribuir mais profundamente.

A Sibéria, com seu clima exigente, sempre foi pouco habitada e pouco disputada, mas as tribos viviam em seus cantos, etnias foram ocupando espaços, foram os Tártaros, os Buriatos e vieram Cossacos ocupar espaços em nome dos Czares.

No final dos Sec XII e por mais dois séculos pertenceram ao império mongol. Claro que os turcos já haviam passado por aqui, pois os mongóis já usavam estribos e arreios.

Para os moradores de Yekaterinburg, Gengis Khan foi um cara que passou por aqui e cobrou impostos. Já não o veem como um conquistador e nem atribuem nada de especial a ele. Aqui, a Mongólia já é um país distante e desinteressante.

Os Czares (a partir de Pedro I) criaram um tipo de um Império ou feudos.

No começo dos Séc. XIX começam os movimentos de libertação dos Dezembristas. (os inconfidentes daqui, que morreram enforcados 30 anos depois do nosso Tiradentes)

Durante a década de 1840, o desenvolvimento das opiniões tinha originado na Rússia duas atitudes gerais, convencionalmente chamadas de Eslavofilia e de Ocidentalismo.

Os ocidentalistas consideravam a cultura ocidental européia como superior, desejando difundi-la na Rússia; acreditavam na Ciência, no governo constitucional, nos valores liberais e eram contra a servidão.

Os eslavófilos afirmavam a singularidade do passado nacional russo, resistindo à penetração das idéias do Ocidente, dotados de fervor místico, ligados à Igreja oficial, acabaram por identificar-se com o Czarismo, fazendo a propaganda do Pan-Eslavismo que justificava uma política expansionista russa nos Bálcãs.

Até a segunda metade do Sec XIX, isso funcionou estável internamente, mas brigando muito com seus vizinhos. Entre eles a guerra contra o tal de Napoleão, o mesmo que fez com que a família real portuguesa fugisse para o Brasil.

O Czar governava amparado socialmente na nobreza rural e nos burocratas. "O Imperador de todas as Rússias é um monarca autocrata e ilimitado(Czar). O próprio Deus determina que o seu poder supremo seja obedecido, tanto por consciência como por temor." O símbolo sempre foi a águia de duas cabeças (O Czar e a Igreja)

O czar Alexandre II (1855 – 1881) começou buscar a modernização da Rússia. Em lugar do regime feudal criou-se uma classe de pequenos camponeses proprietários de terras.

No fim do século XIX, começam os investimentos na industrialista (aqui em Yekaterinburg criam uma siderúrgica e fábrica de armas). No começo do Sec. XX além do campesinato, já surge a burguesia industrial e o proletariado russo. (Nós no Brasil já éramos república e já entrávamos no ciclo do café).

Até os primeiros anos do Séc. XX, mesmo diante das transformações, ainda era controlada pelo absolutismo czarista.

Com problemas na agricultura, o empobrecimento e a carestia à população, os operários sofriam com as péssimas condições de vida e salário. Surge a insatisfação da burguesia nacional frente às ações do governo czarista. Dessa maneira, o atraso econômico foi uma das primeiras delicadas questões que contribuíram para a deflagração do processo revolucionário.

O operariado russo passou a organizar greves e revoltas contra o governo. Representados pelo Partido Operário Social-Democrata, os trabalhadores começaram a entrar em contato pelo ideário socialista proposto pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engles. Em contrapartida, o governo russo reprimiu tais instituições político-partidárias por meio de um destacamento policial criado para conter esse tipo de agitação social.

Em meio a tantos problemas, o conflito da Rússia contra o Japão (1904-1905) piorou a imagem do governo frente à sociedade russa. Em janeiro de 1905, um grupo de populares realizou uma manifestação em frente ao palácio de São Petersburgo. As tropas imperiais abriram fogo contra os manifestantes. O episódio, que ficou conhecido como Domingo Sangrento, potencializou as pressões contra a monarquia russa.

No ano seguinte, cedendo a tantas pressões, o czar Nicolau II transformou seu governo em uma monarquia constitucional. O país teria um parlamento incentivando o surgimento de agremiações de discussão política formada por trabalhadores do campo e da cidade. Os chamados sovietes tornaram-se um espaço de discussão sobre o futuro e os problemas da Rússia.

Em 1914, a entrada da Rússia nos conflitos da Primeira Guerra Mundial ficou marcada como o último desgaste entre o poder do czar e as reivindicações da população russa. Os gastos e derrotas militares nesse conflito inviabilizaram a sustentação do absolutismo russo.

Czar Nicolau II (família Romanov), rei da Polônia e grão-duque da Finlândia. Nasceu próximo de São Petersburgo. Filho do czar Alexandre III, governou desde 1 de Novembro de 1894, até à sua abdicação em 15 de Março de 1917, quando renunciou. Nicolau II foi apelidado pelos críticos, Nicolau, o Sanguinário pelo domingo sangrento. Como Chefe de Estado, aprovou a mobilização de agosto de 1914 que marcou o primeiro passo fatal em direção à Primeira Guerra Mundial, a revolução e consequente queda da Dinastia Romanov.

Quando abdicou, em 1.917, o czar e sua família foram aprisionados, aqui em Yekaterinburg. Nicolau II, sua mulher, seu filho, suas quatro filhas, o médico da família, um servo pessoal, uma camareira, o cozinheiro e o cachorro da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918. (Bolchevique é uma palavra da língua russa, e significa "maioritário". Assim foram chamados os integrantes da facção do Partido Operário Social-Democrata Russo liderada por Vladimir Lenin.)

É sabido que o massacre tenha sido ordenado de Moscou por Lênin e pelo também líder bolchevique Yakov Sverdlov.

Nicolau II, sua mulher e seus filhos foram canonizados como mártires por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio. Conhecido como São Nicolau o Portador da Paz pela Igreja é adorado e reverenciado pela comunidade daqui. No lugar onde era essa casa, agora foi aberta uma Catetral (lindíssima) de Yekaterinburg.

Tudo isso para contar que fomos até o lugar onde abriram um monastério e estão construindo uma igreja para cada membro, Pois todos foram canonizados. O monastério é muito bonito. A catedral chama a atenção

porque tem dois andares, o de cima iluminado e cheio de ouro. O andar de baixo é bonito, contém uma exposição de fotos da família, mas é escuro, para lembrar o massacre no porão.

A cidade tem essa característica, prédios históricos, prédios modernos, prédios que estão sendo reconstruídos.

Nas praças as pessoas passeiam admirando a beleza das esculturas em gelo.

Vamos completar a história:

Pouco depois de os Bolcheviques terem chegado ao poder durante a Revolução Russa de 1917, eles mudaram o seu nome para o Partido Comunista de Toda a Rússia (Bolcheviques) em 1918 e passaram a ser conhecidos apenas como Partido Comunista da União Soviética

Vladimir Ilitch Lenin (1870 - 1924) foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo (pelo seu perfil ético), e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo (Ética de Estado). Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente e o desenvolvimento da Rússia.

Em dezembro de 1922, os bolcheviques venceram a guerra civil e a União Soviética foi formada com a fusão da Russa, República Transcaucasiana, a Ucraniana e a Bielorrussa.

Depois da morte de Vladimir Lenin, em 1924, Josef Stalin assumiu o poder, levando a URSS através de um programa de industrialização em grande escala. Stalin estabeleceu uma economia planificada e a supressão da oposição política a ele e ao Partido Comunista.

Em junho de 1941, a Alemanha nazista e seus aliados invadiram a União Soviética, quebrando o pacto de não-agressão, que este último tinha assinado em 1939. Depois de quatro anos de guerra brutal, a União Soviética saiu vitoriosa como uma das duas superpotências mundiais.

A União Soviética e seus Estados satélites do Leste Europeu envolveram-se na Guerra Fria, uma prolongada luta política e ideológica global contra os Estados Unidos e seus aliados ocidentais.

No final dos anos 1980, o último líder soviético Mikhail Gorbachev tentou reformar o Estado com suas políticas de perestroika e glasnost, mas a União Soviética entrou em colapso e foi formalmente dissolvida em dezembro de 1991.

Boris Yeltsin, o primeiro presidente, também começou sua carreira política aqui.

Ufa... Escrevi demais, se alguém chegou até aqui, espero ter ajudado a organizar um pouco a história.