sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Volta à índia

Estou de volta a Delhi. É interessante como já sinto como se fosse uma volta para casa. Da primeira vez eu cheguei de madrugada, nerovoso e preocupado. Agora estou no meio do dia, a névoa, a poeira, os miseráveis batendo na janela do carro de forma insistente, enfim é difícil explicar. Vou repetir: ningéum pode estar preparado para a Índia e ningu[em passa impune por essa experiência. 
Foram 18 dias de muita emoção, silêncio e sentimento. 
Trêz países, estradas e trânsitos, trem, aeroportos, templos, montanhas e tudo o mais. 
Resolvi ir a um restaurante onde já tinha ido da outra vez. Por sorte estava vazio e sem bufet. Me vi escolhendo um prato que aprendi a gostar: Paneer Kadhai e pão. Me vi comendo com a mão (direita é claro) e chorando como uma criança. Uma emoção de despedida que eu não esperava. Esse sabor eu acho que nuncamais eu vou sentir.  Me deu vontade de saber fazer o barulho com a boca, como eles fazem. Olhei para o outro lado do restaurante e vi um menininho, de turbante, com a família toda vestida com os trajes locais, mas o menino bebia coca-cola com a cara de qualquer menino fazendo coisa errada.
Lembrei que essa noite eu já havia acordado muito cedo, com um "negócio"aqui dentro do peito, acho que é isso que acontece quando a gente se permite viver o que não era previsto.
Eu tinha muito medo de vir para cá, conversei com amigos. Alguns me entenderam, não é uma questão de comunicação, é entrar no sagrado dos outros, sem permissão e sem compreensão. Provavelmente sem respeito. O sentimento de entrudo, babaca, banal e com uma máquina fotográfica na mão.
Entrei em contato com palácios de marajás, de sultões e de reis, mas o que me chamava a atenção eram as pessoas, vestidas com panos coloridos, subindo em construções e carregando cimento. Mulheres construindo estradas com um filho nas costas. Homens conduzindo rebanhos ou seguindo gurus pelas estradas. Corpos humanos sendo queimados às dezenas, buzinas que avisam eu estou aqui e não que mandam sair daí.
Eu não sei o que vem pela frente, mas eu sabia que tinha razão de ter muito medo.
Mas estou em paz. Um dia eu digiro essa lição.
Muito obrigado aos amigos que tem mandado o-mail. É muito bom saber que a gente anda só, mas acompanhado.
Acho melhor eu conseguir atualizar as fotos para os dias anteriores. Estou devendo.
Amanhã levanto muito cedo e parto para minha segunda férias. Outro mundo.

Um comentário:

  1. Marcelo, a leitura é tão empolgante que me sinto incapaz de fazer qualquer comentário, acho que é só sentir e imaginar como você está se sentindo. Acho que nesta viagem mais que nas outras, vc voltará mudado! Mais pleno, mais rico de cultura,ainda mais aberto para o diferente. Fica um inveja positiva e uma alegria grande de vc poder ter esta vivência; curtindo o que vc está curtindo! Enorme abraço!!!!
    Tati

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