terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Nakuru

A manhã toda por estradas, muito ruins, com alguns aglomerados de casas, feira, comércio e poeira.
Passei pela cachoeira de Laikipia, tive contato com alguns tribais que toparam tirar foto comigo. Será que são da minha tribo?

Atravessar a cidade de Nakuru, foi uma epopeia, um congestionamento monumental de vans em torno de um aglomerado chamado mercado. O calor foi muito, estar trancado dentro da van, com vidros fechados, pois o motorista disse que havia muito ladrão.
Por fim cheguei ao Lago Nakuru. Muito interessante, mas acho que não vai rolar minha visita aos flamingos. Choveu muito durante o mês, o lago está mais alto do que nunca esteve. Com isso os flamingos migraram daqui.
Saí à tarde para fazer um safari. Foi muito legal. Todas as outras vezes que fiz safari, foi em época de seca e em savanas. Dessa vez, em Aberdare era mata fechada de montanha. Aqui é lago com planícies e morros.
Fiz safari debaixo de uma forte chuva. Vi muitos animais, mas principalmente babuínos, centenas deles. Consegui ver um pouco de flamingos, o motorista disse que não tem quase nada. Muitas gazelas, empalas, búfalos e gansos.
Essa noite vou pernoitar em uma barraca, super segura e confortável.

Feliz ano novo para todos. Eu aqui estou começando bem.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Nairobi - Aberdare

Depois da viagem histórica e social, uma viagem natural e quase banal.
Passei da ação à contemplação.
Horas dentro de um carro, por um local bem mais verde, pessoas com roupas mais normais para mim. Lojas de quinquilarias e souvenirs para turistas, etc.
Saí de Nairobi e viagei uma boa parte da manhã. Cheguei em um clube até que sofisticado, onde deixei minha mala e almocei. depois foi mais um tantinho de estrada em um onibus cheio de indianos e ingleses. para chegar em Aberdare.
 Agora o Parque já tem uma super instalações, onde apesar de quartos bem pequenos, você tem a experiêcia de ficar em um Lodge, e observar a vida da selva.

Essa noite foi calma, muitos búfalos, javalis, elefantes e aves. Claro que alguns chacais, alguns impalas.
É legal essa de ficar sentado observando e absorvendo essa paz e um pouquinho dessa brincadeira.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Etiópia - Kenya - nova etapa


Hoje foi dia de arrumar malas, transporte, aeroporto, voo atrasado, tranporte de novo.
Já estou deixando uma etapa. Acabo de chegar em Nairobi. Aqui a paisagem já é verde, deixando a cor de mato seco e poeira para traz. 
Hoje não tem fotos. Foi descanso para a máquina também.
Amanhã viajo o dia inteiro e devo chegar de noite em Aberdare. É uma casa em cima de árvore para que possa observar o movimento noturno da floresta, acredito que não vou ter internet. Depois vou para o Lago Nakuru e para a Reserva de Massai Mara. Quem sabe um dia eu consiga postar notícias.
Assim, se fecha mais uma viagem. Ficam aprendizados, marcas e impressões. Agora que estou buscando aprender que nas viagens , quando nos despimos de nossas verdades, podemos dar um chute nos preconceitos, é verdade, mas não é fácil.
Imaginar aeroportos e hotéis sem computadores. Pessoas que se despem para tomar banho nas lagoas ao lado da estrada. Pessoas vestidas com panos enrolados. Janelas sempre sujas e empoeiradas. Paredes repletas de objetos, desenhos, panos, odores e quinquilharias. Multidões que caminham a pé, com suas mulas levando cargas enormes. Um lugar sem ônibus e sem caminhões. Olha que isso é o que dá para descrever.
Nossas verdades são como abelhas que ficam zunindo em nossa cabeça, tentando colocar o nosso conhecimento e estética dentro de favos perfeitos da nossa colmeia. A gente não consegue, ou melhor, eu tento mas não consigo imaginar o que é viver com essas histórias e realidades. A Etiópia foi um banco de escola. O senso é diferente, as roupas, as comidas, o transporte, as crenças. Um cristianismo diferente do nosso, do evangélico, e até mesmo dos outros ortodoxos que já conheci em outros países.
Cidades com patrimônio histórico altamente significativo, mas que são encobertos pela imagem do País. Imagem em muito verdadeira: empoeirada, pobre e carente. Um povo atencioso e carinhoso, mas acima de tudo orgulhoso de sua terra, porem ainda sem a menor noção de serviço.
Atualmente, Addis Abeba é o centro da África, aqui fica o parlamento africano. Aqui teve o primeiro presidente negro, o que inspirou a luta de Mandela. Foi o primeiro povo negro que derrotou os britânicos. Por duas vezes derrotou a invasão Italiana. Esse pedaço de mundo nunca foi colônia. Foi império por 3.000 anos.
Hoje esquecida, mas com fé no futuro. Não foi fácil passar esses dias por aqui. Foi incrível passar esses dias aqui. Posso recomendar essa experiência para quem tem um pouco mais de loucura do que eu. Caso contrário...

sábado, 28 de dezembro de 2013

Addis Abeba

Estou em Addis Abeba, capital da Etiópia. É o fim de da minha jornada nesse país. Haja coração, olhos, pernas e compaixão. Uma jornada para dentro de mim, uma quebra de preconceitos sobre tudo.



Hoje além da viagem, mais longa, pois estava na fronteira da Eritréia. Addis está em obras, estão construindo metro, mas é a mesma loucura, todas as ruas muito sujas, e com muitas vendinhas. Claro que tem regiões do governo com avenidas, muros e parques enormes e lindos.
Fui andar pelo mercado, considerado um dos maiores do mundo. Sào ruas e mais ruas, com muita bagunça, e vende-se de tudo, de ferragens a azeite à granel. É impressionante, frutas, verduras, colchões e tecidos vendidos no meio da rua.

Terminei o dia no museu de arqueologia. Muito legal.

Eu conheci Lucy, ela esperava por mim ha três milhões e quinhentos mil anos. É muito pequena, acho que a humanidade cresceu bastante nesses anos.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Axum


Se alguém, algum dia em um momento decidir visitar a Etiópia, é bom preparar o espírito. É uma realidade muito dura, uma história encantadora, monumentos muito interessantes e muito bem cuidados. Os hotéis tem muita simplicidade e muitas deficiências, a comida e os cardápios são complicados. Mas o difícil foi a agencia de viagens, complicados e incapazes. A estrutura é tão precária que não tem nem computadores em alguns aeroportos. Ainda bem que posso contar com o apoio do Sérgio (meu agente no Brasil)
Axum é uma surpresa, não só para a gente, mas também para os arqueólogos.
Aqui surgiu o primeiro imperador, há 3.000 anos atrás. A rainha de Sabá e
Axum é a cidade mais antiga da Etiópia e capital da Igreja Ortodoxa Etíope. É considerada a cidade mais sagrada e lugar de peregrinação.
Fui ver o parque das estrelas, são obeliscos enormes (chegam a 33 metros), todos entalhados. Ninguém sabe como essas pedras vieram parar aqui. Foram feitas antes do sec III, pois no sec IV, quando o cristianismo chegou aqui, uma delas (a maior) foi derrubada. Há 9 anos um arqueólogo descobriu que em baixo do obelisco tinham tumbas para os imperadores. Usavam pedras e tijolos. Claro que eu entrei lá.

Ao lado tem um museu arqueológico, pequeno mas com coisas muito interessantes.
Enfrentei estradas poeirentas e cheias de pedras. Passei pela piscina da Rainha de Sabá (mais de 100m). 

Vi um monolito igualzinho ao do 2.001, todo grafado em 3 línguas. Ele foi achado por agricultores faz pouco tempo.



Tive a oportunidade ímpar de me sentir um arqueólogo, fui até um campo de pesquisa e pude visitor a Tumba dos Reies Kaleb y Gebre Meskel (sec IV). As pequisas ainda estão bem no princípio, vão descobrir muita coisa ainda.

Fui visitar o castelo da rainha de Sabá. Porém agora descobriram que esse castelo que havia sido descoberto há 20 anos já é de construção posterior a Cristo, na verdade há outro castelo em baixo dessa ruina.

Terminei o dia visitando a Igreja de Santa Maria de Sión – a primeira igreja da África. Em sua arca está guardada a arca da eterna aliança. Presnte de Salomão ao seu filho com Sabá. Tem um museu com um acervo impressionante, porém apresentado de forma primária, em armários de vídro e madeira. Tem a coroa de todos os reis desses 3.000 anos, objetos e roupas. Uma pena. Precisava de um bom trabalho.

fala a verdade: os arquitetos daqui tinham uma rede virtual pela internet. eles conversavam, com os Incas, os Gregos, egípcios, fenícios e muitos mais. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Lalibela - Monastério Ashetem Mariam

Muita experiência, aprendizado e gratidão. Um dia inesquecível para minha vida.
Depois de ontem ter me irritado com o guia, que não conhecia a cidade e me fez fazer longas caminhadas, despertei bem. Eu havia dito que não iria fazer a caminhada prevista para ir até o alto da montanha. Já estamos a 2.630 metros de altitude, e o trajeto é para chegar até 3.150m. Eu não tenho nem preparo físico, nem idade para isso.
A resposta de Tesch (meu guia) foi a seguinte – Eu não sabia como reparar meu erro de ontem, então eu rezei a noite para que você consiga chegar lá. Como não temos carro, reservei uma mula para que possa montar quando estiver cansado.
Creio que uma força desconhecida me convenceu a tentar a subida. Logo no início uma briga entre os donos de mulas. Por fim me fizeram trocar de mula, pois a que eu estava não iria aguentar.
Minha emoção foi ficando cada vez mais à flor da pele, atravessamos por lugares e casas, a mula suportava meu peso e subia cada barranco indescritível. Meu coração palpitava entre medo, ternura, euforia e compaixão por tudo que me era possível ver.
Eu só me lembrava do livro que estou lendo. Ele fala que em viagens, podemos aceitar ajuda, pois assim ajudamos as pessoas a serem anjos. Essa reflexão ecoava em minha mente. Eu havia encontrado um anjo. Muita bondade. Ele Auaka e sua mula. Ele a comandava por voz e caminhava ao meu lado o tempo todo. Nos momentos mais graves, quase me pegava no colo para eu descer, me ofereceu o seu cajado, e pegava em minha mão para ajudar a escalar. Um caminho difícil com muito pouco oxigênio, e ele segurava forte a minha mão e repetia – No problem.
Foi difícil e encantador aceitar ajuda, quebrar minha fortaleza, confrontar uma experiência de “velhice” que precisa de ajuda para se movimentar.

Só sei que consegui. Eles celebraram, pois grande parte dos turistas pedem para voltar no meio do caminho. Outros fazem grande parte do trajeto de carro. Eu cumpri minha peregrinação, sim eu peregrinei, pois me conheci muito mais, física e emocionalmente.
O monge que estava na igreja quis me mostrar todas as relíquia que tinha.
Na volta o mesmo carinho, e atenção dos meus três acompanhantes (o guia, o dono da mula e seu ajudante) Eu comecei até a sentir vergonha e por vezes estar montando uma mula, quando todos estavam caminhando tranquilamente.
De fato eu consegui perceber os anjos, vestidos em suas vestes típicas, com sorrisos e mãos fortes, pois essas pedras deslizam muito.
Quando atravessamos a cidade, muitos jovens, crianças saindo da escola, vinham me saudar, perguntava se eu havia ido ao monastério e se eu tinha gostado. Era uma celebração.
Claro que quando chegamos eu queria muito conseguir agradecer além da gorjeta, é claro. Convidei Auaka para almoçar comigo. Ele aceitou e conseguimos nos confraternizar. Ele me contou que sua mula tem 25 anos. Aqui existem 400 donos de mula que se organizam em uma fila para que cada um tenha sua vez. Agora como o turismo é pouco, ele deve ser chamado dentro de 4 meses. Ele cobrou da agencia  US$ 10,00 pela mula e US$ 5,00 por seu trabalho. Claro que dei muito mais, mas nada paga essa aula.

Claro que depois disso estou trancado em meu quarto, exausto pelas quase 7 horas de caminhada mas, principalmente,  muito emocionado e grato pelas lições que aprendi.