Estou no Himalaia, exatamente em Thimpu, capital do Butão. É
uma cidade singela, a menor capital do mundo. Conta com 70.000 habitantes, a
2.250 metros de altitude, entre montanhas enormes. Hoje é dia 31 de dezembro.
Já anoiteceu e não tenho a menor possibilidade de contato com o mundo. O
Celular não pega e a internet está fora do ar já faz algum tempo. As pessoas
informam que estamos com dificuldade de conexão.
Simples assim, depois de um dia inteiro andando por essa
cidade, vendo templos, bibliotecas, escolas, etc. É uma cidade que de fato não
está preparada para o turismo. Um dado interessante é que eles regulam mesmo a
entrada de turistas. Podem entrar aqui, somente 5.000 turistas por ano. A época
mais forte é entre agosto e outubro quando ocorrem as danças e festivais. Fora
isso há um fluxo de monges que vem fazer retiros budistas. Eles tomam muito
cuidado para não ter muita influência externa, para poder preservar as
tradições.
Depois de um dia na cidade, percebo que praticamente não
existem casas térreas. Sempre tem pelo menos tres andares. São amplas
invariavelmente desenhadas em detalhes.
Todos os estudantes, alem da escola, freqüentam aulas de
artes por seis anos no mínimo. Aprendem os desenhos, a tradição, Danças,
escultura, tecelagem etc.
De tanto ver paninhos enrolados já não sei mais o que é
bonito e o que é feio. Tenho dificuldade em comprar coisas, imagino minhas
amigas vendo tantos panos, jóias e coisas do gênero.
Já faz 13 dias que ando por países vegetarianos, aqui então,
querem ser o primeiro pais orgânico do planeta. Reparei que usam apenas colher
e garfo. Tanto na Índia, no Nepal e agora no Butão, a comida tem que ser muito
picante, comem co a colher e usam o garfo como apoio. Todas as comidas já vem
picadas. Fazem barulho para comer (não é que fiquem estalando a língua como os
chineses) mas expressam o sabor na boca.
Estou começando o ano bem de cima. Poucas pessoas vão começar
o ano mais de 2.250 metros acima do nível do mar.