quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Peru - Mancora, Punta Sal, Cabo Blanco

No voo para Piura, na revista de bordo, havia uma reportagem sobre uma cidade do litoral onde Hemingway ficou quando escreveu o Velho e o Mar. Claro que o interesse e a curiosidade cresceram e os planos tomam forma rapidinho. Alugar carro, encontrar lugar para ficar e pesquisar mais. Muitas fotos na internet, com baleias dando saltos e uma mar lindo, tudo vai aumentando a expectativa. Sexta feira, fim do trabalho, maleta pronta, carro na porta do hotel e a coragem de dirigir no transito peruano (uma loucura de desordem).
A emoção de dirigir na RN1 a panamericana, rodovia dos sonhos de aventureiro da minha juventude. O deserto se apresenta de maneira implacável mas não consegue chamar nossa atenção. A sujeira toma conta dos olhos e de nossa percepção. É assustador o tanto de plástico e lixo que se mistura com a aridez do deserto.
O tempo passa, a estrada é boa, mas os olhos não se acostumam.
Chegamos em Mâncora já escuro e no escuro de informações, se alguém fabricar placas para sinalização das estradas pode ficar rico se convencerem os peruanos de sua importância.
Localizamos fácil o hotel e por indicação do dono dos chalés fomos a um restaurante excepcional.
Preciso tomar cuidado para não ficar escrevendo tantas vezes o quanto é maravilhosa a cozinha peruana.
Caminhar pela cidadezinha com feirinha brega, comercio simples e pouca atratividade. Pitoresco, curioso e outros semiadjetivos, em resumo, um pouco frustrante mas deixando a esperança para o dia seguinte.
Pela manhã, como se não encontramos grandes encantos em Mancora, depois de percorrer um milhão de tendas e lojinhas para comprar passeios de barco para navegar com as baleias (conseguimos comprar, depois de muito procurar, enfrentar filas de bancos locais para fazer câmbios, lembrei que não era bem na cidade que Hemingway ficou.
Como as placas indicavam a direção de Punta Sal continuando a estrada em direção ao norte. Lá fomos nós. Uma cidadezinha bem mais agradável e acolhedora, algumas pousadas bem atrativas. Um bom lugar para comer e beber. Conversando com a dona da pousada descobrimos que na verdade o escritor ficou em outra vila, ao sul de Mancora.
Acordar cedo e ir para o porto, navegar bastante à procura de baleias, até que elas se apresentam, muitas delas com seus filhotes, mas nenhuma deu aqueles saltos, mesmo assim é emocionante.
Depois do banho, pegamos estrada em direção a Cabo Blanco. Uma estradinha de terra, beirando o mar lindo, atravessando deserto em meio a postos de petróleo. Uma paisagem nova, essa aridez com esse mar é sempre algo difícil de encarar como natural. Será que quando eles vem para as praias do Brasil eles acham estranho ter praias com florestas?

Mais uma vez desfrutei outro ceviche maravilho, na parede as fotos de Hemingway com seus merlins azul e a dúvida permanente e sem respostas. _ O que ele veio fazer aqui?









sábado, 1 de novembro de 2014

Piura - Norte do Peru

Em um ano atribulado, alguma crise nos negócios, novas oportunidades e desafios são sempre bem vindos e sempre stressantes. Em um mês de aniversário, eleições, planos de férias, acordos judiciais, festa de netas, etc. Recebi esse convite para trabalhar no Peru. Sempre gostoso e sempre acionando meus medos, inseguranças e vontades. Além de saber que não domino o idioma, sei pouco sobre a cultura, região e tudo mais.
Devemos ir em dupla (dois consultores) isso facilita um pouco. Minha agenda não permitia que ficasse o tempo todo e o cliente que tinha reservado a data não quis trocar, assim tive que voltar um dia antes.
Sai de São Paulo no domingo de manhã, ou melhor, de madrugada. Conheci o terminal 3, tudo lindo, mas só faziam embarque remoto, deixando os passageiros de todos os voos em uma sala com poucas cadeiras para vários portões.
O voo terrível, só consegui lugar na última poltrona onde a fila do banheiro e o barulho das portas não permitiam nem uma leitura e muito menos um sono. A alternativa foi ficar conversando com a tripulação, muito riso e muita informação sobre coisas de aviação.
A escala em Lima trouxe a expectativa de pelo menos começar a desfrutar a comida Peruana. Doce ilusão na ala nacional do aeroporto de Lima, não tem nenhum restaurante que faça ceviche. Tive que me contentar com um sanduba de frango, pelo menos uma cerveja cusquenha já ajuda.
O voo para Piura foi mais tranquilo, entretanto ao sobrevoar a cidade a impressão é terrível. Uma cidade poeirenta, com casas sem telhados, quase tudo na laje mesmo no meio do deserto. A pista cercada de deserto e sujeira dá uma péssima impressão.
O hotel bastante confortável e o restaurante maravilhoso. O trabalho foi intenso além do idioma que o meu espantol tenta alcançar, a cultura peruana é bastante diferente da nossa, no norte então era um mistério. Tudo correu bem, foram bastante pacientes comigo e foram se soltando, foi muito produtivo.
Saimos pouco, pois as notícias dos jornais sobre a violência na cidade eram assustadoras. O pessoal do hotel, os motoristas de taxi e mesmo os participantes falavam para não andar com a máquina pela cidade.
Na segunda semana de trabalho, embora hospedados no mesmo hotel, fui trabalhar em um outro hotel no centro da cidade. Pela manhã vimos a notícia de um cambista que matou um turista na porta de um hotel a poucos metros de onde ia trabalhar. Devia ter mais coisa do que simples operação de cambio, pois o turista tinha muitos dólares.